terça-feira, agosto 31, 2004

Crónicas de uma vida...

Hoje ao almoço aconteceu-me uma boa, fui almoçar com dois colegas e entre conversas que para mim são conversas da tanga, já que só falam de carros e tunnings e parvoíces dessas, lá me distraia a ler o jornal até ter chegado a bela da minha sopa.

Uma terrina de caldo verde. Eu vou ser sincero e afirmo que nem sou grande apreciador de sopa, mas normalmente ao almoço acabo por comer sempre. Entre uma cara de entediado e um bocejo para dar a entender aos meus colegas de almoço que o melhor era mudar de conversa, sim, porque o meu ideal de uma refeição descansada não é passar o almoço a ouvir falar de cabeças de motor que se babam, cambotas que não sei quê, escapes que não sei que mais, filtros de ar que sim, e filtros de óleo que não... Por amor de Deus! Mas... não tive sorte, a conversa continuou.

Bom, desisti e concentrei-me no belo do calo verde, que ali até que nem é mau de todo. E comer caldo verde naquele restaurante é sempre uma aventura, principalmente a parte onde tentamos descobrir se nos deram uma ou mais rodelas de chouriço. Não é que ele valha alguma coisa, mas pronto, é como a pastilha do Epá, passados 2 minutos já não tinha sabor, mas aí de se não tivesse pastilha... Foi então que logo à primeira vez que mergulhei a colher no caldo verde, descobri uma rodela de chouriço. Pensei logo ”Pronto, já ganhei o dia!”, e como um tal programa da televisão, “há dias de sorte”, arrisquei e mergulhei mais uma vez a colher na verdura. Bem... “atão” não é que em vez da taluda, me calhou a terminação?! Um caracol!

Estava um caracol no meu belo do caldo verde! Bom, o que podia eu fazer, ao menos assim tinha certeza de duas coisas, as couves eram frescas, e não deviam de ser muito más, senão nem os caracóis lhe pegavam. Tirei o caracol para o lado, e lá vai alho! Malhei o meu caldo verde. Depois no fim de ter comido o caldo verde, fiquei a olhar para o caracol... Coitado... ali estava ele, cozido, quando a única coisa que fez foi andar certamente todo contente por cima de uma couve, a pensar que estava safo, quando no fim... depois fiquei triste... o coitado do caracol morreu e eu comi o seu leito da morte. Fiquei mesmo muito triste. E depois comecei a pensar que os caracóis têm uma vida mesmo triste. Primeiro andam sempre de caravana, o que não é mau, para quando aparecer uma caracola, não têm de pagar hotel, mas depois lembrei-me que os caracóis são hermafroditas, ou seja, não há nada de arrabimba o malho! É pá, isso é muito mau, já não acho a vida dos caracóis assim tão interessante, e para mais, se não há caracolas, porque raio têm eles cornos? Bem, esta pergunta deixou-me de rastos.

Foi então que a D. Elisa, me apareceu à frente com um prato de arroz de tomate com 8 jaquinzinhos fritos e uma saladinha de alface e tomate. Então eu olhei para os jaquinzinhos e pensei “Será que alguns destes jaquinzinhos se conheciam?”, será que ...

1 comentário:

kemak disse...

As perguntas que se impoem são : "E a opnião do caracol em relação a isto tudo?"
ou
"Será que o caracol estava interessado em fazer um tunnig a caravana?"
Ou então
"Será que o chouriço era do caracol?"
Ou ainda
"Será que o caracol se suicidou quando viu os amigos jaquinzinhos fritos?"

Enfim, são perguntas que ficam no ar a espera de resposta.

Abraço